Amazônia

O tema da Festa Junina deste ano propiciou-nos momentos singulares de espanto, encantamento, reflexão, discussão e criação.
Nas aulas de português, tivemos oportunidade de conhecer diversas das lendas que nos brindam os povos da Amazônia: Curupira, Mandioca, Mapinguari, Uirapuru, Vitória Régia… A partir de um vasto e lindo material selecionado e preparado pela coordenadora do ginásio, professora Rina Cortez, com todo o esmero que lhe é característico, entramos em contato com a rica literatura dos povos de nossa floresta: histórias que nos maravilharam, emocionaram e que mexeram com nosso imaginário foram lidas em pequenos grupos e depois socializadas para todos os estudantes de cada uma das turmas.
Num segundo momento, em debates animados, discutimos nossa posição em relação a elas: as lendas amazônicas eram tratadas por nós com o respeito que merecem? Ou nós a diminuíamos, considerando-as apenas produto de uma suposta ingênua imaginação? Comparando-as com as histórias nas quais acreditamos, tentamos assumir o papel daqueles que as escutaram, e ainda escutam, como verdade absoluta.
Por obra dessas conversas, surgiu a ideia de fantasiarmos o estranhamento de um índio criado e crescido na floresta ao chegar a uma cidade grande e industrializada. Que aspectos lhe chamariam a atenção? Como ele interpretaria coisas tão “naturais” para nós como o asfalto, um prédio, a poluição ou um ônibus, por exemplo?
O resultado desse terceiro momento está aqui exposto. Novamente em pequenos grupos, os estudantes criaram lendas com elementos de metrópoles a partir da visão de um índio da Amazônia sem contato anterior com a nossa civilização. Evidentemente, é-nos difícil (e por vezes impossível) libertarmo-nos de nossas referências: isso pode ser percebido em diversas passagens das lendas aqui publicadas. Porém, o exercício criativo dos estudantes do ginásio traz-nos a evidência do esforço intelectual de uma molecada pra lá criativa!
Se eu fosse você, eu dava uma conferida!

Antônio Ramos da Silva
Professor de Português das turmas da tarde do Ensino Fundamental II

A aventura da índia Nayara na cidade

Nayara era uma linda menina, igual à Iara.
Um dia, Nayara foi andar pela floresta e chegou a um lugar que ela não sabia o nome. Ela viu carros, prédios, restaurantes, lojas, shoppings, parques, hotéis, casas, escolas e muito mais.
Porém, como Nayara não conhecia nada disso, quando voltou à aldeia disse que viu: um animal de quatro patas redondas que correu mais rápido do que uma onça pintada, várias árvores do tamanho de um jequitibá adulto, várias ocas transparentes com vários índios dentro (uns servindo comidas e outros comendo), muitas outras ocas com flores coloridas gigantes e também uma oca maior que a do cacique.
O cacique, curioso com o que ouviu, foi lá conferir – e nunca mais voltou, porque descobriu um mundo novo.

Bianca, Heloise, Lucas, Mateus, João León – 6º T

Rio em Janeiro

          Tava num tronco do pé de andiroba, descascando algumas mandiocas, e de repente ouvi um barulho estranho, tipo um trovão. Ele chegava cada vez mais perto, e não acabava mais. Olhei pra cima e o céu estava azul, normal; olhei pra baixo e tinha uma fumaça cinza como se estivesse chegando a chuva: parecia até que o céu e a terra estavam trocados.

          Resolvi descer da árvore, e à minha frente tinha um cuxiú, mas todo de ferro, indo em direção à minha aldeia. Corri o mais rápido que pude, pois estava claro: era uma ameaça!

           Quando cheguei lá, deparei-me com um homem branquelo. Parecia que ele havia comido uma melancia inteira, com casca e tudo, e que ela tinha parado no buxo. Tinha uma taturana em cima de sua boca, e não entendi como ela não o machucava. Sua voz era grossa. Ele pegou minha mão e começou a sacudi-la, falando sem parar palavras que eu não conseguia entender. Até que captei uma frase em que ele me fazia uma proposta, mas fiquei muito confuso. Ele disse que gostaria de me levar a uma tal de cidade, aí pensei, deve ser uma plantação nova – e então topei. Ele me botou naquele cuxiú de ferro e seguimos viagem durante noite e dia. O que eu não sabia é que essa tal cidade era muito longe. Quando chegamos, vi que aquilo que chamavam de cidade não era uma plantação: era muuuuiiiiitooooo diferente do que eu pensava! Tinha rochas altas, que nós da tribo nunca vimos antes. O cuxiú de ferro tinha uma família maior do que a minha, ou então todas as famílias juntas. Eles juntos faziam um barulho insuportável. Andando mais à frente, deparei-me com outra rocha. Surpreendi-me com as pequenas nuvens indo até a rocha e voltando no ar, uma atrás da outra. Perguntei ao branco que tinha me levado até ali o que estava acontecendo com as nuvens e ele me respondeu que aquilo era uma tal de “bundinha”, mas eu não entendi o porquê desse nome, já que as nuvens não tinham o formato de uma.

          Depois de eu muito descobrir e aprender, o homem branco que me deu essa oportunidade me levou de volta para casa e depois fiquei sabendo que o nome dele era Bruno Azevedo da Silva. E também descobri o nome do lugar aonde fui: Rio em Janeiro (ou coisa do tipo). Foi até que legal conhecer aquele lugar, mas prefiro meu cafofo.

          E essa é a história, meu pequenos filhos, de como eu, CACIQUE Katain, conheci o Rio em Janeiro.

Mariana Barbosa, Sofia Chiavacci, Luma – 7º T

A floresta sufocada

          O cacique, sentado em uma pedra, lembrava-se da vez em que viu a floresta prisioneira dos homens brancos.

          Ele se recordava da terra sendo sufocada, e dos branquelos em suas gaiolas andantes – eles prendiam a si mesmos!

          O índio lembrava ter ficado assustado quando viu um lugar em que o desperdício era maior: enquanto eles, na aldeia, matavam um animal por vez, ou seja, quando acabava a comida, matavam outro, e assim por diante, naquele lugar não era assim: tinha pedaços de muitos animais mortos apodrecendo.

          Mas então veio uma lembrança: enquanto ele e seu pai andavam por um chão duro e cinza que não deixava a terra respirar, viram uma gaiola gigante que levava animais. O seu pai, muito bondoso, resolveu salvá-los e acabou morrendo.

          “Chega, chega de pensar nisso!” – falou o cacique para si mesmo. E então se levantou e foi ensinar os curumins a caçar.

Fernanda, Luana, Leonardo – 7º T

O Pêssego Dourado

Em uma aldeia indígena da Amazônia, chamada Krenak, havia um índio chamado Kenai que sonhava em ser famoso. Ele queria ser corajoso o bastante para pedir a mão da linda Yantze, a filha do pajé. Todas as noites, depois do jantar, pessoas da tribo se ajuntavam em volta da fogueira para contar histórias e, numa dessas noites, Monakai, uma índia anciã, contou uma história que ela havia presenciado quando era jovem: sua melhor amiga, a índia Inaê, estava encantada e apaixonada pelo moço mais bonito da tribo Josupet e, como ela queria impressioná-lo, saiu em busca dos lendários pêssegos dourados, feitos pelo próprio deus Tupã (o deus supremo). Ela partiu para um lugar onde as árvores e pedras eram gigantes, as pessoas usavam um traje diferente, havia vários monstros que engoliam as pessoas e as levavam para o céu. Antes de Monakai terminar a história, Kenai partiu para sua cabana, onde arrumou suas coisas, e saiu em busca dos pêssegos dourados além da floresta. Ele passou dias andando até chegar a um lugar em que havia uma terra feita de pedra, havia pessoas de diferentes tipos e com roupas bizarras, havia vários tipos de monstros, uns, por exemplo, feitos de pedras que tinham uma boquinha, em que pessoas entravam e eram engolidas e levadas para o céu, ou então monstros que apenas engoliam as pessoas e saiam andando. Kenai entrou na boca de um dos monstros e notou que lá dentro havia várias pessoas. Ele ficou confuso, mas decidiu perguntar onde se encontravam os pêssegos dourados. Quando passou em frente a um mostro que era transparente e viu um pêssego de ouro (uma joia em formato de pêssego), ele rapidamente entrou em sua boca e perguntou para a moça que lá estava se aquele era um pêssego dourado. Ela lhe disse que sim, e então ele pegou um pêssego, e o levou para a tribo.

Fernanda, Pedro, Vinícius Boró – 8º T

Cidade Grande

          Mim não sabe o que aconteceu, mas estava numa cidade grande e viu um monstro de ferro fedorento e uma luz forte na minha rosto. O monstro parou do meu lado e de baixo dele veio uma fumaça, mim saiu correndo e depois viu uma caverna gigantesco com muitas pessoas dentro sendo comidas, mas parecendo não estar assustadas, mim se interessou em ver exatamente o que era aquilo quando mim chegou perto ouviu uma voz estranha saindo de uma caixinha, que perguntava o que queria então mim ficou assustado e mim perguntou o que era aquela rocha enorme, e a caixa respondeu que não tinha nenhuma rocha enorme, que era um prédio.

          A caixa me convidou para entrar, aí mim perguntou para uma pessoa o que era aquilo, a pessoa falou de novo que era um prédio e que mim estava na cidade e não na floresta. Quando mim chegou para a aldeia, contou para tudo o mundo a aventura, e explicou como é a cidade grande.

Gabriel, Guilherme, Henrique – 7º T

Homem Petrificado

          Estava entrando em um lugar estranho, com coisas gigantescas plantadas na terra – como se fossem árvores, porém diferentes. Eu não sabia explicar o que era tudo aquilo e as pessoas também estavam diferentes, com uns panos enrolados no corpo. Havia monstros coloridos ambulantes com barulhos irritantes e assustadores.

          Fui andando por aquele lugar estranho e sem sentido, parecia que aquelas pessoas não me compreendiam, como seu eu fosse de outro planeta.

          Então comecei a subir um morro e vi uma “pessoa” gigantesca de braços abertos… Eu fiquei admirado! Imaginei que um deus desceu à Terra e tentei conversar com ele para entender o que aquele deus estava fazendo na Terra, tão distante de seu lugar. Cheguei à conclusão de que ele estava petrificado, sem vida… Ele não me respondia.

          Depois percebi que ele veio à Terra para falar alguma coisa muito importante, mas que, no meio de uma tempestade, um raio o atingiu e ele se petrificou. Eu o batizei de “O Cristo Redentor”.

Adrian, Hannah, Leonardo, Olívia – 9º T

Juro que vi – Aldeia dos Caraíbas

          Um dia, dois índios estavam conversando quando ouviram uma voz dizendo: “juro que vi aldeia de caraíbas”.

          Eles ficaram assustados, e foram consultar o pajé, que lhes falou, apontando para a mata fechada:

          – É uma ilha muito distante daqui… E os últimos que foram, não voltaram!

          Os dois índios ficaram tão curiosos que decidiram ir atrás dessa ilha misteriosa. À noite, eles foram com só duas garrafas de água procurar a ilha, e toda a tribo os viu partindo.

           Dez dias depois, eles voltaram com as seguintes notícias:

          – Quando fomos atravessar o rio, percebemos que ele estava doente. Ao chegarmos na ilha, vimos árvores gigantes quadradas, com várias pessoas dentro. Pensamos que era o pai do Mapinguari e fugimos, encontrando pelo caminho monstros de duas pernas em círculo, muito mais rápidos do que Naia correndo até a lua, que quase passaram por cima de nós. Depois encontramos folhas vedes quadradas com vários riscos. Nesse momento, tomamos o caminho de volta para cá!

Júlia, Íris, Nandê, Rafael Gomes, Renato – 6º T

Aventuras de Mani

          Meu avô me contou que uma das suas tataravós morreu num lugar muito distante e o espírito dela contou o seguinte para ele:
“Com a ocupação que os homens brancos fizeram na minha tribo, tive que fugir para novas terras. Depois de dias percorrendo mata adentro, encontrei-me em uma aldeia muito diferente, com montanhas altas de um material que nunca vi antes, que prendia o outro de mim dentro de si e outras pessoas. Vi também animais diferentes, feitos de metal que aprisionava as pessoas dentro deles, e o engraçado disso é que andavam em fileiras de um único caminho.
Comecei a andar pela aldeia cada vez mais assustada com as coisas que nunca tinha visto antes. Encontrei-me em um túnel escuro e de repente vi uma luz aproximar-se de mim. Depois de um tempo, a luz foi ficando mais perto e comecei a escutar um barulho muito alto. Nisso eu saí correndo, corri, corri e corri até que cheguei em um lugar mais claro. Fui pra lá e depois de algum tempo a luz e o barulho passaram por mim. Parecia uma minhoca gigante com olhos de fogo, saí correndo e achei uma escada. Subi por elas para ver aonde iria dar e cheguei naquela aldeia estranha, de que tinha saído havia pouco tempo. Corri novamente tentando sair de novo dessa aldeia, mas de repente um daqueles animais feitos de metal veio em minha direção desgovernadamente e me acertou em cheio. Depois disso, não sei mais nada, porque fui visitar o Deus tupã”.

Bruna, Vinícius Paiva, Fayruz, Arthur Cercós – 8º T

Tupi em Campinas

          Um belo dia, chega a Campinas um índio chamado Chian. Nesse lugar existem ocas empilhadas, brilhantes e retas; passam índios com comidas muito diferentes das nossas e também canoas fechadas com círculos. A terra é preta, com listras brancas e amarelas – ao lado dessa terra preta há quadrados pretos e, dentro deles, vagalumes. E existem árvores retorcidas brilhando de várias cores: amarelo como se fosse o sol, verde como se fosse a copa de uma árvore e vermelho como se fosse o pôr do sol.

          Ao olhar pra cima, Chian viu um pássaro, gigante e branco, que não batia as asas. Andou mais um pouco e viu canoas muito maiores que as de antes, com muitos índios dentro, locomovendo-se pela terra! Mais adiante, encontrou uma oca gigantesca, que todos chamavam de shopping. Ao tentar atravessar aquela terra preta e dura, não conseguiu escapar de uma canoa que foi em sua direção, apontando luzes e fazendo barulho.

          A última coisa que viu foi um pedaço de madeira fincado num pau com um desenho de nossa casa.

Yuri, Pedro, Luiza, João Vítor, Vinícius, Luma – 6º T

O Índio e o Trem Bala

          Em uma tarde, um jovem índio caminhava pela cidade. A cada momento ele tomava um susto: via ocas gigantes, algumas pequenas, coisas que ele não sabia o que era, passando levando gente… Avistou um senhorzinho e resolveu lhe perguntar o que era aquilo.

          – Meu caro amigo, vejo que você não está acostumado. Isso são veículos!

          – Disse o senhor. – Ah, sim, obrigado! E como posso usar?

          – Pegue isso e vá usá-lo! – Respondeu o senhorzinho entregando uma passagem para o trem bala.

          “Quando entrei nesse tal veículo, tomei mais um susto: meu cocar saiu voando! Eu me diverti muito! Fui descer do trem do outro lado da cidade. Tentei voltar para o centro da cidade, mas não consegui. Do nada, sem conseguir me lembrar como, acordei na aldeia.”

Rebeca, Iago, Hugo, Igor, Rafael Badaró – 6º T

A lenda

          Eu cheguei em um lugar muito estranho, com muito barulho e pessoas esquisitas, não entendi quando vi coisas sem pé andando, mas continuei indo em frente por uma terra cinza e estranha. Foi quando veio uma daquelas coisas esquisitas, com luz forte e barulho estranho, que acabou me acertando e me machucando.

          Cheguei em um lugar onde colocaram coisas em mim, com líquidos, e depois fui embora.

José, Davi, Cauê, Beatriz – 7º T

O mundo dos brancos

          Eu sou Manduka, sempre vivi na floresta amazônica, numa tranquilidade só.

          Foi em uma noite de lua cheia. Os brancos invadiram minha tribo. Os brancos invadiram minha tribo e me levaram a uma aldeia muito grande. Quando lá cheguei, fui solto em um lugar sem saída. Havia rochas grandes e, lá dentro delas, havia brancos. Um barulho que eu não aguentava. Barcos que deslizavam a seco de repente paravam e depois voltavam a deslizar.

          Depois de viver um tempo nessa aldeia, decidi tentar escapar e voltar para a floresta, só que eu não sabia o caminho para a volta e então acabei ficando um bom tempo por lá. Agora, com todas as minhas forças, volto em pensamento para cá, a floresta, que é o meu lugar!

Mariana Vignado, Giulia, Sofia Moutinho – 7º T

Estranha comunicação

Enquanto eu andava naquele chão sem vida, via os curumins brancos e seus pais falarem com pedras que funcionavam com um toque. Elas tinham cores e formatos diferentes, viam-se folhas de palmeiras coloridas com a imagem daquelas coisas com sinais ao lado, sinais bem grandes. De vez em quando, faziam barulhos agudos e os brancos se desesperavam e começavam a falar de novo com as pedras. De repente, vi um curumim branco derrubar uma daquelas pedras e começar a chorar para o pai, dizendo:
– Pai, compra outro celular pra mim? Por favor, pai! Compra outro!
Ele gritava aquilo sem parar, e a palavra “celular” ecoava em meus ouvidos. Finalmente, entendi: aquela coisa servia para que eles falassem com pessoas distantes deles. O curumim continuou olhando para seu “celular” e, quando ele brilhou, como a luz de Jaci, ele sorriu e disse:
– Não quebrou! Eba! Uhuuul!
Eu não entendi o porquê da alegria.

Sabrina, Yara, Clarice – 7º T

Primeiras Impressões

Era algo estranho e sinistro: tinha coisas altas que se mexiam, coisas que davam medo só de olhar e eu presenciei tudo com meus próprios olhos.
Eu andava normalmente pelas trilhas que eram bem finas. As pessoas andavam com algo estranho nos pés e tinham algo nas orelhas como fios pendurados e falavam com pedras.
Era tudo monstruoso, eu caminhei pelas trilhas que estavam sem muitos animais: os únicos que tinha por lá eram os cães, mas eu fiquei com dó deles porque estavam amarrados com cipó.
Caminhava e caminhava e não encontrava rio e nem algo para comer, então eu vi um lugar com pessoas saindo de lá com comida na mão. Entrei lá, porém não tinham farinha e a água era cara.
Continuei andando pelas trilhas estreitas até que cheguei em um lugar em que as paredes eram transparentes e do outro lado delas tinham várias coisas pretas de vários tamanhos, cheias de homenzinhos presos dentro dela. Tentei ajudá-los, mas eles não respondiam.
Em uma das caixas havia um homem de terno que não parava de falar e na outra eu podia ver vários homenzinhos correndo de lá para cá num campo verde, com blusas coloridas. Achei um abuso o desmatamento naquele lugar. Aí sentei em um banco preto e fiquei por lá – e assim foram as primeiras impressões de minha aventura.

Nicholas, Gabriela, Pedro, Miguel – 9º T

Minha descoberta

Para mim, aquilo não era natural. Toda aquela paisagem não me era familiar.
Todas aquelas pessoas com vários panos coloridos e objetos trançados nos pés em ocas andantes com rodas e árvores sem copas levando cipó amarrado uns nos outros…
Eu estava lá, procurando o que fazer, pensando em como eu poderia ganhar aquele papel cor de folha que valia tanto para os homens brancos. Aqueles totens gigantes perfurados com ar impenetrável. Via-me lá e não achava o meu lugar, o que eu tinha que fazer e como eu iria fazer. Isso eu descobriria mais tarde…
Então, depois de alguns meses, havia descoberto como ler aqueles tais símbolos e, após um tempo, descobri como ganhar aqueles papéis cor de folha.
Eu havia feito uma loja com todos aqueles artefatos que usava na tribo e os vendia. Cada um desses artefatos tinha um pedaço de papel indicando quantos papéis cor de folha a pessoa tinha que me dar em troca dele.
Porém, embora em lugar tão diferente, as coisas não mudaram em mim. Quando vi animais presos em uma jaula de toras, revoltei-me. Sinto que isso não é certo: eles nascem presos, vivem presos e morrem presos.
Saí correndo daquele lugar, peguei todo o papel cor de folha e voltei para a minha tribo. Tentei organizar uma rebelião, mas não conseguiria fazer isso sozinho. Decidi ficar e não reagir. Todos da minha tribo reconheceram o que eu estava tentando fazer, porém não puderam me ajudar. No fim, fizeram uma festa de reconhecimento – e assim foi.

Vitória, Alex, João Pedro, Mayara – 9º T

A represa

Era uma vez um índio chamado Kenai. Um dia, Kenai foi pescar e fez o caminho que sempre fazia, mas quando chegou lá, o rio tinha desaparecido. Kenai foi falar com o cacique de sua tribo que disse que iria junto de Kenai para ver o que havia acontecido. Quando eles chegaram no rio, o cacique disse que eles deveriam seguir a trilha de peixes mortos. Depois de caminhar por algum tempo, eles encontraram uma enorme barragem feita de metal, mas ela ainda estava em construção e havia vários homens e máquinas que Kenai nunca tinha visto. O cacique foi falar com os construtores e disse que a construção estava atrapalhando a sua pesca e matando os peixes do outro lado do rio, porém os homens disseram que não era culpa deles e que eles estavam apenas cumprindo ordens do prefeito da cidade.
Depois de algum tempo, o cacique mandou Kenai para a cidade para marcar uma audiência com o prefeito. Kenai achou a cidade muito estranha, pois era cheia de casas enormes com várias cores diferentes e as pessoas usavam grandes objetos de metal com rodas para chegar nos lugares. Kenai ficou impressionado com as construções da cidade, principalmente com a prefeitura. Depois de marcar uma audiência em nome da tribo Tapanakara, Kenai voltou à tribo onde ficou uma semana ansioso pelo dia da audiência.
Uma semana depois, Kenai, o cacique e mais dois índios foram para a audiência. Kenai entrou em uma espécie de caixa de metal onde ele apertou um botão, as portas se fecharam e, quando elas abriram, eles estavam em outro lugar. O cacique disse que era magia negra, mas um homem branco disse que aquilo se chamava elevador e que eles só tinham subido ao andar de cima. Depois de muito tempo de discussão, o prefeito e a presidente decidiram demolir a represa para não prejudicar os índios, mas agora os índios teriam que vender 25% dos peixes que pescassem. Kenai adorou, pois ele gostava de pescar e isso só aumentaria a necessidade de que ele fizesse isso. Depois de um tempo, o cacique decidiu que seria sempre Kenai a ir para a cidade vender os peixes, mas mesmo indo lá várias vezes Kenai nunca se acostumou. Ele ainda achava que o tal ” elevador ” era magia negra, os prédios eram montanhas e os carros eram rochas com rodas, as lâmpadas eram filhos do sol… Assim passou o tempo e Kenai continua pescando e vendendo os peixes até hoje.

Gabriel Grigolon – 8º T

Um índio chamado Jamílson

          Estava andando pela floresta a procura de comida, quando se deparou com uma montanha com buracos e pessoas aprisionadas. Ele correu em direção à montanha.

          Quando chegou, avistou um buraco gigante, entrando nele a terra começou a tremer e ele subiu para o céu. Entrou numa oca estranha, voltou correndo para o buraco e desceu para a terra.

          Ao sair da montanha, ele se deparou com uma árvore sem folhas e com um fruto muito brilhante.

          Também viu rochas se movendo muito rapidamente, com pessoas aprisionadas.

          Jamílson correu para a floresta. Ao chegar lá, construiu uma muralha para proteger sua tribo do mundo diferente do seu – até o dia em que duas crianças fugiram e, quando voltaram, construíram outra muralha.

Gregório, Isaac, Vinícius Santos, Arthur Vanucci – 8º T

Conhecendo o novo mundo

Eu sou o Pajé da tribo dos Tupinambás. Meu filho foi conhecer uma cidade grande, São Paulo, pois sua amiga Helena, uma ambientalista que veio nos conhecer, convidou.
Lá ele teve muitas aventuras e experiências. Contou-nos que viu árvores cinzas sem folhas ligadas por uma espécie de “cipó”.
A Helena lhe contou que o nome dessas árvores é poste e o “cipó” é fio.
Ele também viu monstros que têm quatro bocas, engolem as pessoas, saem andando e depois as cospem. Mas descobriu que esses monstros são carros, máquinas que se locomovem com lugares dentro delas para as pessoas se sentarem, levando-as para onde quiserem.
“Prédio” é o nome que as pessoas de lá usam para chamar um monstro que tem uma língua e vários olhos, cuja boca abre e leva as pessoas tanto para o inferno quanto para o céu.
Ele contou ainda que viu uma máquina, com uma tela de vidro, em que passavam várias pessoas e lugares em miniaturas, parecendo estar aprisionados dentro dela. Era a televisão.

Julia, Cláudia, Fabiana, Catarina – 8º T

Lenda do Maracujá

          Certa vez, nasceu uma bela índia e, para o espanto da tribo, ela, a filha do pajé, nasceu de cabelos ruivos, olhos verdes e sardas no rosto. A pequena índia era tão calma quanto o sereno do luar e, sendo assim, foi nomeada Serena.

          Um dia Serena estava se banhando no rio, como de costume, e avistou um caçador, pelo qual se apaixonou. O belo caçador vinha todos os dias para caçar, até que uma vez Serena decidiu segui-lo para descobrir de que tribo estranha ele vinha.

          Seguiu-o até um lugar, que os homens brancos chamavam de cidade, também conhecida como Manaus. Ela se espantava a todo o momento, indignada com o que os homens brancos fizeram com a terra que tupã lhes deu, mas, mesmo assustada, manteve a calma, como sempre.

          Serena olhava em volta e se sentia perdida, sem saber onde estava. Ela foi em direção ao grande totem, muito estranho, aquela era a imagem dos deuses dos homens brancos? E por que os homens brancos estavam sendo engolidos por eles?

          Foi matar sua curiosidade, entrou dentro do grande totem, onde viu vários “mundos”. De repente, avistou o mesmo caçador pelo que havia se apaixonado e correu atrás dele. O rapaz, muito bondoso, levou a índia para o seu “mundo”. Antes disso, porém, foi para o céu, subiu e subiu e foi parar em um “túnel”. No final do grande “túnel”, estava o mundo do seu amado.

          Serena estava exausta, com vontade de tomar um refrescante banho de rio, mas não sabia aonde ele estava. O caçador levou Serena para debaixo de uma bola branca cheia de furinhos, e do nada começou a cair água e ela conseguiu tomar o seu banho.

          Ela ficou encucada e, querendo descobrir de onde vinha aquela água, foi à sua procura. Na caminhada em busca da água, ela de novo se sentiu muito cansada e parou para descansar em uma sombra.

          Onde Serena descansou e descansa para toda eternidade, nasceu uma linda flor de maracujá, planta calma como Serena.

Nathália, Adrielli, Maria, Ian – 8º T

A lenda do lixeiro, o monstro branco e azul

Enquanto o pajé falava, as crianças trançavam a palha seca que posteriormente se tornaria uma rede, ouvindo atentamente as histórias de uma recente viagem realizada por ele a uma terra distante.
O pajé contava sobre um enorme monstro, que quando se locomovia soltava um rugido. O monstro tinha o tamanho de uma seringueira, adulta, com um terrível cheiro de podridão.
O pajé também citava os escravos que subiam e desciam do monstro carregando espécies de macacos e jogando na boca do anômalo, para que ele mastigasse os corpos dos macacos, triturando-os.
O pajé contou então que foi confundido com um macaco e foi jogado dentro do monstro. Com isso ele perdeu um braço, cinco dentes, dois dedos e teve fraturas na costela.

Inácio, Giovanni, Mateus – 9º T